BERNARDES, Manoel (1644-1710)
Sobre o autor
“Manoel Bernardes nasceu em 1644, em Lisboa, onde viveu e morreu em 1710 . Estudou Filosofia e Direito Canônico na Universidade de Coimbra e seguiu, posteriormente, o curso de Teologia ordenando-se sacerdote . No consenso unânime dos críticos e historiadores da literatura portuguesa “Nova floresta...” é a mais importante obra do Padre Manuel Bernardes. Ela contém, na ordem alfabética dos assuntos (Abstinência, Alegria, Alma, Amizade, etc.): histórias, narrativas morais e apólogos que são, segundo Fidelino de Figueiredo, "verdadeiros modelos da arte de contar com serenidade, equilíbrio, economia, boa ordem e incisão incisiva". António José Saraiva e Oscar Lopes veem a obra "como remate ou apuramento final de um gênero que vem da Idade Média: o exemplo ou conto exemplar, gênero em que a cultura do clero se vivifica ao contacto da tradição folclórica”. (Fonte: Biblioteca Digital da Câmara dos Deputados - http://bd.camara.leg.br/bd/handle/bdcamara/16239#).
Obra(s)
1. Nova Floresta: ou sylva de varios apophtegmas e ditos sentenciosos espirituaes e moraes: com reflexoens, em que o util da doutrina se acompanha com o vario da erudição, assim Divina como humana. Lisboa Ocidental: Oficina de Joseph Antonio da Silva. Tomo I.
2. Nova Floresta: ou sylva de varios apophtegmas e ditos sentenciosos espirituaes e moraes: com reflexoens, em que o util da doutrina se acompanha com o vario da erudição, assim Divina como humana. Lisboa Ocidental: Oficina de Joseph Antonio da Silva. Tomo II.
3. Nova Floresta: ou sylva de varios apophtegmas e ditos sentenciosos espirituaes e moraes: com reflexoens, em que o util da doutrina se acompanha com o vario da erudição, assim Divina como humana. Lisboa Ocidental: Oficina de Joseph Antonio da Silva. Tomo V
Menções ao negro e ao escravo
TOMO I
A mulher prudente, sisuda, e amiga de sua casa é comparada por Salomão à não mercantil, porém nãoo, que de longe traz pão (...). Mas a mulher vã e amiga de enfeites e galas é não que de longe traz a fome; porque a todas as partes do mundo faz desembolsos. Aquela o pão que traz é seu (...) porque sobre ser bem ganhado, é bem conservado. Esta a fome que traz é sua, e de seus filhos, e criados, e escravos; porque quanto se põem no supérfluo, tanto se tira do necessário (p. 181).
*Outras menções rápidas ao escravo podem ser encontradas nas páginas: 105, 199, 421, 436, 442 e 443.
TOMO II
Emendem-se o consentirem os senhores que seus escravos e escravas aos dias Santos pondo diante um painel de N. Senhora, festejem publicamente a Virgem das Virgens, com bailes, gestos e meneios arriscados até para a imaginação, quanto mais para a vista. E advirta quem tem a seu cargo o bem da República e salvação das almas, que uma alma vale mais que a cabeça de São João Batista: e se com razão estranhamos tanto que o Batista fosse degolado por amor do baile de uma mulher: quanto devemos estranhar, que pelo baile destes escravos se continha a ruína de suas almas e das outras que o vêm (p. 18).
TOMO V
XLIII – Do Padre João de Almeida da Companhia de Jesus. Indo um Governador confessar-se com o servo de Deus João de Almeida, ele o recebeu humanamente e o confessou a primeira vez, porém, tornando segunda lhe disse: Senhor, eu sou bom confessor de negros e escravos, e não de Príncipes e Governadores, peço-lhe humildemente me escuse dessa honra (p. 269).
LXIV – Do infante D. Luiz, filho do Rei Dom Manoel. Foi este príncipe muito devoto, e dizia com ponderação afetuosa: Que será de mim, se no dia do Juízo, o negro meu escravo me levar o Reino do Céu, e a mim lançarem no abismo? (p.450).
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